Muitas pessoas têm vontade de ajudar animais abandonados nas ruas, porém, têm receio.
Já resgatei vários bichos e por diversas vezes coloquei a mão neles, transportei no meu carro e ofereci lar temporário em minha casa, no mesmo ambiente onde estão as minhas cachorras.Acho que muita gente gostaria de ajudar, mas tem medo. Não sabe como pegar, se tem algum perigo, se o bicho pode transmitir alguma doença.... Então, vou listar aqui algumas situações que percebo que geram dúvidas quanto ao que fazer na prática. Listei algumas dicas minhas com a experiência que ganhei ao longo de anos tentando fazer algo por animais abandonados e tenho certeza que você também pode ajudar um bicho de rua.
E SE O ANIMAL ESTIVER DOENTE?
Já conversei com veterinários sobre isso e pedi orientação. De maneira geral as doenças que o animal pode ter não são transmitidas para o humano apenas pelo toque ou proximidade (com exceção de uma sarna muito grave, mas que geralmente é visível, você percebe que o animal está com o pêlo muito ralo e falhado e a pele meio que descascando). Se este for o caso, basta que você pegue o bicho com um lençol ou luvas.
Resgatei esse cachorrinho há uns 3 anos atrás. Achei que estava com sarna porque tinha muitas falhas no pêlo e a pele quase que preta onde tinha essas falhas. Usei um lençol que carrego no porta malas do carro pra esse tipo de emergência para carregá-lo. Mas quando chegamos no veterinário foi constatado apenas maus tratos mesmo, falta de vitaminas, banho e tosas... Na última fotinha acima ele já estava na casa do adotante.
Sobre o carro, é bom lavar e desinfetar após transportar um animal que aparenta estar doente (ou que você confirme alguma doença depois de uma visita ao vet). E o principal: manter seus animais com a vacina sempre em dia. Eles estando vacinados, não há problemas em ter contato com outros animais ou o local onde eles estiveram, e você pode oferecer lar temporário ou transporte mais tranquilamente.
Está é a Neguinha. Estava praticamente desfalecida na rua. Eu a via todos os dias no trajeto que fazia para o trabalho, e mesmo sendo visível que ela estava muito debilitada e provavelmente doente, não teve jeito... busquei ajuda no Facebook e apareceu um rapaz da região (Eduardo) disposto a me auxiliar. Pegamos ela com uma luva e transportamos numa caixa de cão mesmo (que este rapaz tinha). Levamos ao vet, fizemos todos os exames: ela tinha entre desnutrição e um pouco de sarna, leishmaniose. O petshop e os profissionais de lá foram muito carinhosos com ela. Durante um tempo ela continuou o tratamento em um lar temporário oferecido pelo Eduardo. Ela era tão meiga, estava tão grata pela ajuda, que o dono do petshop e a família dele se apaixonaram por ela. Ela viveu alguns meses com eles, adotada, com muito amor e carinho. Depois, ela se foi, mas tenho certeza que muito feliz e amada! Obs: não tem preço, vale muito a pena. Muito mesmo.
O ANIMAL É MEDROSO OU AGRESSIVO
Na maioria das vezes, o medo e a agressividade do animal vêm do próprio abandono e do sofrimento causado por ele. Um animal na rua fica exposto a fome, frio e principalmente, à maldade humana. Por isso em algumas tentativas de ajuda ou resgate o animal foge ou ataca.
O que faço e que costuma dar certo é oferecer comida. Eles geralmente estão com fome e acabam cedendo quando você oferece algo apetitoso. Esse tipo de alimento não é indicado para uma alimentação constante do animal, mas para ajudar num resgate, acho que vale a pena sim. Costumo oferecer: salsicha, carne, pão, ou o que tiver por perto pra atraí-lo. Já comprei coxinha, por exemplo, pra resgatar um.
E paciência. A minha Maluquinha foi resgatada na rua da casa da minha mãe e fiquei tentando pega-la por mais de 40 min. Eu me aproximava, ela corria. Daí sentei no meio fio e fiquei. Ela estava muito cansada e sentou mais à frente. Aos poucos eu ia sentando cada vez mais perto dela, até que consegui colocar a mão, fazer um carinho e pegá-la.
Minha Maluquinha no dia do resgate. Machucada, cheia de carrapatos e muito tristonha e assustada. Foi preciso paciência pra pegá-la, mas depois de alguns dias já era outro cão. Hoje é uma das alegrias da minha casa.
Agora isso tudo funciona para animais de pequeno e médio porte né. Já resgatei alguns animais de grade porte, como duas filas (uma em cada lugar acreditam?!) e tive que pedir ajuda. Convoquei pessoas que se dispuseram a ajudar, oferecemos comida e tivemos que jogar uma corda para conseguir imobilizar. O transporte também teve que ser em veículos maiores (difícil carregar um cachorro desse, que você não conhece, no carro sozinha né). Funcionou assim nos dois resgates.
Essa daí é uma das filas, grandona. Estava abandonada perto do meu trabalho, visivelmente largada. Não sabia se virar nem saía daquela região. Postei uma foto com pedido de ajuda no Facebook e apareceu um moço disposto a ajudar com o transporte (por ser uma cachorra muito grande não dava pra colocar num carro comum), e uma moça disposta a adotá-la. Marcamos um dia e junto de mais algumas pessoas que passavam na rua na hora, cercamos a cachorra, oferecemos uma coxinha (que era o que tinha perto na hora) e depois de alguns minutos tentando, conseguimos laçá-la e colocá-la no carro. A adotante providenciou os exames e ela estava saudável. Depois de alguns dias, já estava feliz e adaptada no novo lar.
Lembre-se: a melhor forma de incentivar mais pessoas a fazer isso é pelo exemplo! E se resgatar ainda é algo “complicado” pra você, existem várias outras formas de ajudar. O que você precisa é ter consciência de que você pode sim mudar uma dessas vidas. Listei aqui 11 formas de ajudar um bicho de rua. Faça a sua parte, ajude um animal que seja, e vai ver como as pessoas a sua volta vão se sentir motivadas!
Crédito Foto 1: Stocksnap
Demais fotos: arquivo pessoal